O perigo da úlcera de perna

As feridas crônicas, em qualquer parte do corpo, também podem ser chamadas de úlceras. Normalmente, quando se tem um ferimento que não cicatriza dentro de um tempo estimado que, dependendo da profundidade do ferimento, vai de uma a três semanas quando falamos de pele, damos o nome de ferida crônica ou úlcera. E um dos locais mais comuns para esse tipo de problema é na região nos membros inferiores. Dentre as causas, as circulatórias estão em primeiro lugar.

O angiologista da Angiomedi, Dr. Antônio Carlos Souza, alerta que há um número muito grande de pessoas com o problema. “Muitas vezes essas pessoas estão sofrendo com essas feridas embaixo das roupas, embaixo dos curativos”, completa o médico.

Estima-se que a prevalência de feridas na população idosa nos Estados Unidos, acima de 80 anos, seja em torno de 15%. Se for considerado o envelhecimento da população, na velocidade em que tem acontecido, a projeção para 2050 seria de 25% da população idosa, em relação aos americanos. Existem outros estudos epidemiológicos na Inglaterra que mostram que a incidência de feridas nas pernas afeta de 1 a 3 pessoas em cada mil habitantes.

No Brasil ainda não existem dados embasados, mas podemos extrair os dados da Inglaterra e adaptar para a nossa realidade, por meio da observação, e chegar a um número de aproximadamente 600 mil pessoas que podem apresentar estas feridas.

A cicatrização, além de causar sofrimento pessoal ao paciente, demanda um empenho muito importante dos familiares e cuidadores, e os custos, diretos e indiretos, do tratamento são enormes.

Uma das causas das úlceras de membros inferiores são os problemas vasculares que podem acontecer em decorrência da falta de sangue e de irrigação. Essa situação é bem característica em pacientes que têm diabetes e podem desenvolver o “pé diabético”. Mas as causas mais comuns são as venosas, quando os pacientes apresentam sequelas de uma trombose venosa anterior ou em decorrência de uma fase avançada das varizes na perna.

Estudos da Previdência Social mostram que a úlcera venosa que acontece nas pernas é a quarta causa de afastamento definitivo de trabalho no Brasil.

Mas existem outras causas da ferida, como em pacientes que ficam acamados por muito tempo e, se não houver o cuidado de mudar o paciente de posição e se evitar o atrito sempre do mesmo local com a cama, podem surgir as chamadas escaras.

Outro tipo de ferida muito comum acontece em pacientes de doenças crônicas, como a diabetes e hanseníase. São as úlceras neuropáticas, quando a pessoa adquire uma lesão no nervo e perde a sensibilidade. A gravidade dessas úlceras neuropáticas aumenta nos pacientes diabéticos, quando associadas a um problema circulatório, o chamado “pé diabético” que falamos acima. Dez por cento dos diabéticos, de uma forma geral, podem desenvolver feridas ao longo da vida e 80% das amputações que acontecem com essas pessoas tiveram como causa uma pequena laceração. A úlcera no pé do paciente diabético é um fator de alto risco.

A orientação para todas as pessoas que se encontrarem nessa situação, de ter uma ferida que não cicatriza, de acordo com o Dr. Antônio Carlos, é procurar ajuda, porque essas úlceras não nascem em pessoas saudáveis, é preciso investigar a causa. Normalmente, o caso se dá em pessoas que, na maioria das vezes, têm varizes ou tiveram uma trombose no passado ou, ainda, possuem uma diabetes mal controlada ou ainda não detectada. Há também os casos dos pacientes com outras doenças crônicas.

O tratamento sempre vai se dar de forma multidisciplinar, pois é preciso tratar não só a ferida, mas, principalmente, a doença de base que causou aquela ferida, por exemplo, a diabetes ou a doença venosa. “Pode ser até que, eventualmente, seja preciso fazer uma cirurgia para a limpeza dessa ferida”, explica o angiologista. Ele acrescenta que pode ser preciso uma orientação nutricional, pois muitos fatores dietéticos podem piorar ou melhorar o problema. Outro profissional importante é o fisioterapeuta, pois é preciso cuidar da mobilidade adequada desses pacientes. “Nós só vamos ter sucesso nesse tratamento se houver o envolvimento da família, pois é algo em longo prazo”. Ele conta que algumas úlceras demoram semanas, meses e até anos para serem curadas e lembra que já acompanhou pacientes com úlceras que duraram até mais de 20 anos.

Outra questão importante é que as pessoas, na maioria das vezes, não dão atenção à gravidade do problema, e é difícil fazer uma abordagem sobre o perigo dessas úlceras. “Às vezes, numa abordagem inicial, convencer um paciente de que aquela ferida, que parece ser algo simples inicialmente, pode terminar numa úlcera é muito difícil”. Ele cita coisas corriqueiras que em pessoas com predisposição podem se transformar numa úlcera, como um sapato apertado; uma batida num canto de uma mesa ou da cama; pessoas que andam descalças sem proteção; tratamentos de unhas, tudo isso precisa ser evitado para quem pode ter predisposição a desenvolver uma úlcera de perna e membros inferiores.

Ainda existem outras causas de úlceras, como as infectocontagiosas. A leishmaniose é um exemplo, e também a erisipela, que é uma infecção de pele. O cirurgião vascular é um dos especialistas mais procurados para tratar o problema, já que a maioria dessas feridas tem uma causa circulatória, ou se não for a causa circulatória o fator principal uma provável causa circulatória pode agravar a situação. É sempre bom lembrar que o tratamento precisa ser multidisciplinar, como um suporte para os familiares e o paciente.

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